Barreiras de Acessibilidade Enfrentadas por Pessoas Surdas no Setor de Serviços: Uma Revisão Integrativa da Literatura
DOI:
https://doi.org/10.18815/sh.2020v10n17.456Palabras clave:
acessibilidade, pessoas surdas, deficientes auditivos, surdez, serviços.Resumen
A acessibilidade é um direito de todo o cidadão. Para muitas pessoas surdas, o acesso às atividades existentes na sociedade é garantido quando há a possibilidade de comunicação em LS. O objetivo deste estudo foi identificar os problemas de acessibilidade enfrentados pelas pessoas surdas no setor de serviços. Para tanto, foi realizada uma revisão integrativa da literatura, a partir dos termos: deaf;"hard of hearing”; “hearing impaired”; access; inclusion; communication. Os serviços encontrados foram organizados em quatro categorias: saúde; emergência; sistema de justiça; e cultura. Constatou-se que, independentemente da situação econômica do país, todos os estudos apontaram a existência de barreiras atitudinais ou comunicacionais, tais como: a falta de conscientização das organizações a respeito das necessidades e singularidades do público surdo, a rara presença de intérpretes de LS, ou profissionais capacitados, bem como a ausência de informações sobre os serviços em LS. Com a ausência de recursos de comunicação, os surdos se deparam com três situações: (1) precisam do auxílio de um familiar ou conhecido e assim perdem sua autonomia; (2) utilizam a escrita, ou a leitura orofacial (linguagens estas que nem todos os surdos tem domínio, ou facilidade) e correm o risco de não compreenderem as informações corretamente; e (3) evitam ou desistem de acessar o serviço.
Citas
AZEREDO, Eduardo. Língua de Sinais: uma conquista histórica. Brasília - DF: Secretaria Especial de Editoração e Publicações - Senado Federal (Os:nº 03747), 2006.
BARDIN, Laurence. Análise de conteúdo. Lisboa: Edições 70, 1977.
BARNETT, Steven. Communication with deaf and hard-of-hearing people: a guide for medical education. Academic Medicine, v. 77, n. 7, p. 694-700, 2002.
BOTELHO, Louise Lira Roedel; DE ALMEIDA CUNHA, Cristiano Castro; MACEDO, Marcelo. O método da revisão integrativa nos estudos organizacionais. Gestão e sociedade, v. 5, n. 11, p. 121-136, 2011. https://doi.org/10.21171/ges.v5i11.1220
BRASIL. Lei nº 13.146, de 6 de julho de 2015. Institui a Lei Brasileira de Inclusão da Pessoa com Deficiência (Estatuto da Pessoa com Deficiência). Diário Oficial [da] República Federativa do Brasil, Brasília, DF, 2015. Disponível em: https://www2.camara.leg.br/legin/fed/lei/2015/lei-13146-6-julho-2015-781174-normaatualizada-pl.html Acessado em setembro de 2020.
BRASIL. Lei nº 10.436, de 24 de abril de 2002. Dispõe sobre a Língua de Sinais – Libras – e dá outras providências. Diário Oficial [da] República Federativa do Brasil, Brasília, DF. 24 abr. 2002. Disponível em: <http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_ato2004-2006/2005/decreto/d5626.htm>. Acessado em julho de 2020.
BRASIL. Decreto no 5.296, de 2 de dez. de 2004. Regulamenta as Leis nos 10.048, de 8 de nov. de 2000, que dá prioridade de atendimento às pessoas que especifica, e 10.098, de 19 de dez. de 2000, que estabelece normas gerais e critérios básicos para a promoção da acessibilidade das pessoas portadoras de deficiência ou com mobilidade reduzida. Diário Oficial [da] República Federativa do Brasil, Brasília, DF, 2004. Disponível em <http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_ato2004-2006/2004/Decreto/D5296.htm> Acessado em julho de 2020.
BRUNSON, Jeremy L. Your case will now be heard: Sign language interpreters as problematic accommodations in legal interactions. Journal of deaf studies and deaf education, v. 13, n. 1, p. 77-91, 2007.Carvalho, P. V (2013). A herança do Abade de L’Épée na viragem do século XVIII para o século XIX. Lisboa: The Factory. https://doi.org/10.1093/deafed/enm032
CARDOSO, Adriane Helena Alves; RODRIGUES, Karla Gomes; BACHION, Maria Márcia. Perception of persons with severe or profound deafness about the communication process during health care. Revista latino-americana de enfermagem, v. 14, n. 4, p. 553-560, 2006. https://doi.org/10.1590/S0104-11692006000400013
CHAVEIRO, Neuma; BARBOSA, Maria Alves; PORTO, Celmo Celeno. Revisão de literatura sobre o atendimento ao paciente surdo pelos profissionais da saúde. Revista da Escola de Enfermagem da USP, v. 42, n. 3, p. 578-583, 2008. https://doi.org/10.1590/S0080-62342008000300023
CONSTANTINOU, Vaso; IOANNOU, Andri; DIAZ, Paloma. Inclusive access to emergency services: an action research project focused on hearing-impaired citizens. Universal access in the information society, v. 16, n. 4, p. 929-937, 2017. https://doi.org/10.1007/s10209-016-0509-5
CROWE, Teresa. You’re Deaf? Breaking through myths for effective therapeutic practice. Journal of Social Work in Disability & Rehabilitation, v. 16, n. 3-4, p. 230-246, 2017. https://doi.org/10.1080/1536710X.2017.1372239
ELDER, Brent C.; SCHWARTZ, Michael A. Effective deaf access to justice. The Journal of Deaf Studies and Deaf Education, v. 23, n. 4, p. 331-340, 2018. https://doi.org/10.1093/deafed/eny023
ENGELMAN, Alina et al. Responding to the deaf in disasters: establishing the need for systematic training for state-level emergency management agencies and community organizations. BMC health services research, v. 13, n. 1, p. 84, 2013. https://doi.org/10.1186/1472-6963-13-84
FREIRE, Daniela Buchrieser et al. Acesso de pessoas deficientes auditivas a serviços de saúde em cidade do Sul do Brasil. Cadernos de Saúde Pública, v. 25, p. 889-897, 2009. https://doi.org/10.1089/15409990260363689
GESSER, Audrei. LIBRAS? que língua é essa? São Paulo: Parábola, 2009.
GOSS, Juli et al. Understanding the multilingualism and communication of museum visitors who are d/Deaf or hard of hearing. Museums & Social Issues, v. 10, n. 1, p. 52-65, 2015. https://doi.org/10.1179/1559689314Z.00000000032
INSTITUTO BRASILEIRO DE GEOGRAFIA E ESTATÍSTICA - IBGE (Cartógrafo). (2010). Dados demográficos pessoas com deficiência. Disponível em: <https://www.gov.br/mdh/pt-br/navegue-por-temas/pessoa-com-deficiencia/app/sites/default/files/publicacoes/cartilha-censo-2010-pessoas-com-deficienciareduzido.pdf > Acessado em setembro de 2020.
IVEY, Susan L. et al. Assessment of state-and territorial-level preparedness capacity for serving deaf and hard-of-hearing populations in disasters. Public Health Reports, v. 129, n. 2, p. 148-155, 2014. https://doi.org/10.1177/003335491412900208
KRITZINGER, Janis et al. “I just answer ‘yes’ to everything they say”: Access to health care for deaf people in Worcester, South Africa and the politics of exclusion. Patient education and counseling, v. 94, n. 3, p. 379-383, 2014. https://doi.org/10.1016/j.pec.2013.12.006
MARTINS, Patrícia Roque. Engaging the d/Deaf Audience in Museums: A Case Study at the Calouste Gulbenkian Museum. Journal of Museum Education, v. 41, n. 3, p. 202-209, 2016. https://doi.org/10.1080/10598650.2016.1193316
MCKEE, Michael M. et al. Impact of communication on preventive services among deaf American Sign Language users. American journal of preventive medicine, v. 41, n. 1, p. 75-79, 2011. https://doi.org/10.1016/j.amepre.2011.03.004
MIDDLETON, Anna et al. Preferences for communication in clinic from deaf people: A cross‐sectional study. Journal of Evaluation in Clinical Practice, v. 16, n. 4, p. 811-817, 2010. https://doi.org/10.1111/j.1365-2753.2009.01207.x
MILLIGAN, Nancy Vandewiele; NIEUWENHUIJSEN, Els R.; GRAWI, Carolyn L. Using a participatory action strategic approach to enhance accessibility and participation in arts and cultural events: Results of four focus groups. Disability and health journal, v. 7, n. 1, p. 105-113, 2014. https://doi.org/10.1016/j.dhjo.2013.09.001
MONT, O. Product service-system. Swedish Environmental Protection Agency, Sweden, 2000.
OLIVEIRA, Yanik Carla Araújo de; CELINO, Suely Deysny de Matos; COSTA, Gabriela Maria Cavalcanti. Communication as an essential tool for deaf people's health care. Physis: Revista de Saúde Coletiva, v. 25, n. 1, p. 307-320, 2015. https://doi.org/10.1590/S0103-73312015000100017
OLSEN, Terje; KERMIT, Patrick. Sign language, translation and rule of law–deaf people's experiences from encounters with the Norwegian criminal justice system. Scandinavian Journal of Disability Research, v. 17, n. sup1, p. 23-41, 2015. https://doi.org/10.1080/15017419.2014.972448
PALADINI, E. P. Gestão da qualidade: teoria e casos. Rio de Janeiro: Elsevier, 2005.
PENDERGRASS, Kathy M. et al. Nurse practitioner perceptions of barriers and facilitators in providing health care for deaf American Sign Language users: A qualitative socio‐ecological approach. Journal of the American Association of Nurse Practitioners, v. 29, n. 6, p. 316-323, 2017. https://doi.org/10.1002/2327-6924.12461
PEREIRA, Patrícia Cristina Andrade; DE CARVALHO FORTES, Paulo Antonio. Communication and information barriers to health assistance for deaf patients. American annals of the deaf, v. 155, n. 1, p. 31-37, 2010. Disponível em: <https://www.jstor.org/stable/26235016?seq=1> Acessado em outubro de 2020.
RINEHART, James W. The meaning of stereotypes. Theory into Practice, v. 2, n. 3, p. 136-143, 1963. https://doi.org/10.1080/00405846309541852
SANTOS, Alane Santana; PORTES, Arlindo José Freire. Perceptions of deaf subjects about communication in Primary Health Care. Rev. Latino-Am. Enfermagem, Ribeirão Preto , v. 27, e3127, 2019. https://doi.org/10.1590/1518-8345.2612.3127
SASSAKI, Romeu Kazumi. Inclusão: construindo uma sociedade para todos. 7. ed. Rio de Janeiro: WVA, 2006.
SCHWARTZ, Michael A.; ELDER, Brent C. Deaf access to justice in Northern Ireland: rethinking ‘Reasonable Adjustment’in the Disability Discrimination Act. Disability & Society, v. 33, n. 7, p. 1003-1024, 2018. https://doi.org/10.1080/09687599.2018.1478801
SILVESTRO, Rhian. Positioning services along the volume-variety diagonal: the contingencies of service design, control and improvement. International Journal of Operations & Production Management, v. 19, n. 4, p. 399-421, 1999. https://doi.org/10.1108/01443579910254268
SIRCH, Linda; SALVADOR, Linda; PALESE, Alvisa. Communication difficulties experienced by deaf male patients during their in‐hospital stay: findings from a qualitative descriptive study. Scandinavian journal of caring sciences, v. 31, n. 2, p. 368-377, 2017. https://doi.org/10.1111/scs.12356
SKØT, Lotte et al. Accessibility of medical and psychosocial services following disasters and other traumatic events: Experiences of deaf and hard-of-hearing individuals in Denmark. Disability and rehabilitation, v. 39, n. 24, p. 2468-2476, 2017. https://doi.org/10.1080/09638288.2016.1236154
STROBEL, K. As imagens do outro sobre a cultura surda. 2. ed. rev. Florianópolis: Editora da UFSC, 2009.
UNITED NATIONS. Accessibility and Development: mainstreaming disability in the post-2015 development agenda. Disponível em:
<https://www.un.org/development/desa/dspd/2013/12/accessibility-and-development-mainstreaming-disability-in-the-post-2015-development-agenda/> Acessado em setembro de 2020.
WHITTEMORE, Robin; KNAFL, Kathleen. The integrative review: updated methodology. Journal of advanced nursing, v. 52, n. 5, p. 546-553, 2005. https://doi.org/10.1111/j.1365-2648.2005.03621.x
Descargas
Publicado
Cómo citar
Número
Sección
Licencia
Autores que publicam nesta revista concordam com os seguintes termos:
a. Autores mantém os direitos autorais e concedem à revista o direito de primeira publicação, com o trabalho simultaneamente licenciado sob a Licença Creative Commons Attribution que permite o compartilhamento do trabalho com reconhecimento da autoria e publicação inicial nesta revista.
b. Autores têm autorização para assumir contratos adicionais separadamente, para distribuição não-exclusiva da versão do trabalho publicada nesta revista (ex.: publicar em repositório institucional ou como capítulo de livro), com reconhecimento de autoria e publicação inicial nesta revista.
c. Autores têm permissão e são estimulados a publicar e distribuir seu trabalho online (ex.: em repositórios institucionais ou na sua página pessoal) a qualquer ponto antes ou durante o processo editorial, já que isso pode gerar alterações produtivas, bem como aumentar o impacto e a citação do trabalho publicado.(Veja Política de Acesso Livre).